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A Economia de Atenção e seus impactos na Educação e no Educador

Não é novidade que a Internet e recursos de comunicação à distância trouxeram diversas vantagens para a Humanidade. Algumas destas vantagens se aplicam a área da Educação, como interatividade, informação, possibilidade de visitar virtualmente museus e centros de pesquisa, possibilidade de participação de palestrantes de outras localidades em aulas via plataformas como ZOOM e GOOGLE MEET, possibilidade de manutenção de contato fora do horário de aulas presenciais entre estudantes e professores, acesso a vídeo-aulas, animações de alta qualidade e simulações, utilização de bancos de imagens incríveis, e muito mais. 

Entretanto, o que quero trazer neste momento é uma séria reflexão sobre os impactos do mundo das telas interativas em nós educadores. Será que sabemos a potência e a abrangência disso em nossas vidas profissional e pessoal?

A Economia da Atenção e suas consequências ao usuário

A forma básica de atuação da mídia digital em grandes plataformas de streaming (Facebook, Instagram, etc) é a chamada Economia da Atenção. Esta envolve uma série de recursos de persuasão para atrair e manter o máximo de tempo possível nós usuários, por meio de motivação constante com produtos consumíveis como conteúdos diversos na forma de textos, imagens, vídeos, podcasts, LIVES, cursos oferecidos, etc. Se não gerenciarmos efetivamente nosso tempo nestes meios, podemos facilmente investir horas vendo vídeos irrelevantes, conteúdos superficiais e imagens aleatórias, não nos dando conta do quanto essa atitude interfere em nossas vidas e mais, em nossa saúde mental.

Várias consequências negativas têm sido levantadas em pesquisas diversas, destacando neste momento apenas algumas delas:

– problemas de manutenção de foco

– aumento de ansiedade e depressão

– influências comportamentais (consumo, ideologias, crenças)

– exposição pessoal

– uso indevido de dados pessoais por pessoas mal intencionadas e pelo mercado  

– cyberbulling

– síndrome FOMO (Fear Of Missing Out) – medo de perder algo

Consequências aos Educadores

Ao meu ver, todas as consequências acima interferem diretamente e negativamente em nosso trabalho como educadores e em nossas vidas pessoais.  

1. Estamos cada vez mais investindo nosso tempo de vida em preparação de aulas com informações não apenas atuais, mas instantâneas, imediatas. Para isso precisamos fazer constantes curadorias digitais, selecionando informações de qualidade em um imenso oceano de informações disponibilizadas a cada minuto. E mesmo assim nos sentimos desatualizados, defasados, devendo alguma coisa… 

2. Por sermos levados a acessar continuamente os ambientes digitais, estamos nos distraindo muito mais com informações irrelevantes, ficando mais ansiosos e, com isso, sendo presas fáceis para cair armadilha do consumismo. 

3. Nossos dados pessoais estão em risco o tempo todo, mesmo sem sabermos. Com isso, corremos maiores riscos em relação a cyberbullings e outros tipos de crimes.

4. Nossos estudantes também sofrem impactos negativos em comportamentos e emoções, afetando muito o processo de ensino-aprendizagem e nos atingindo em salas de aulas com falta de foco e ansiedade que derivam em excesso de brincadeiras, violência, conflitos e outras incivilidades. 

Como diminuir esse processo?

Não tenho uma resposta ou receita para isso, apenas sugestões que quero compartilhar ao ouvir alguns colegas de profissão que estão em sala de aula e lidam com tudo isso. As propostas mais faladas e utilizadas são:

autoconhecimento para potencializar a autogestão e o autocontrole: limitar o acesso aos ambientes virtuais, melhorar a capacidade de gerir o tempo destinado ao trabalho e a vida pessoal,  e aprender a reconhecer sentimentos e gerenciar melhor as emoções por eles geradas  

evitar uma exposição excessiva de informações nos meios de comunicação

estimular e trabalhar os dois itens acima nos estudantes, mostrando a eles o quanto isso poderá ajudar nos estudos e na vida

Fonte de inspiração e de informações na elaboração deste texto:

https://aun.webhostusp.sti.usp.br/index.php/2021/09/02/economia-da-atencao-e-universo-das-telas-entenda-por-que-e-tao-dificil-se-desconectar/

Fonte da imagem destacada:

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Patrícia Narvaes

Atuou como professora e orientadora nos projetos de inclusão de tecnologias da comunicação na área da educação pela Escola do Futuro da USP. É praticante de Comunicação Não-Violenta (CNV) desde 2013, onde descobriu o poder de uma escuta profunda e como isso pode afetar a comunicação e melhorar as relações humanas, promovendo conexão e acolhimento. Em 2020, conheceu o Thinking Environment ou “Ambiente para Pensar”, abordagem criada pela Nancy Kline, que permite criar um ambiente de escuta apreciativo, levando as pessoas a removerem bloqueios e praticarem o pensamento independente.
Hoje, Patrícia é Facilitadora de Reuniões e Coach em Thinking Environment, certificada pela Time To Think, além de ser uma das organizadoras do projeto Escuta Viva, onde oferece práticas de escuta, cursos, palestras e atendimentos focados na comunicação e nas relações