Estamos mesmo caminhando para o rumo certo na formação de novas gerações? Acabei de entrar em contato com dois conceitos que, confesso, não conhecia até o momento: microlearning e nanolearning. Basicamente, referem-se a novas formas de propor conteúdos, com duração bem curta de exposição (2 à 10 minutos por “pacote”), muito foco em um tópico específico e, de preferência, independente, ou seja, que possa ser estudado sem muitos pré-requisitos.
Depois de entrar em contato com estes conceitos, percebi que eu estou fazendo alguns cursos com este formato, e que até achei interessante pela rapidez com que eu conseguia ler e realizar tarefas propostas. Mas eu sentia que faltava aprofundamento, tempo de exposição, tempo de leitura, conexões com outros conhecimentos, enfim, tudo aquilo que exige de nós aprendizes dedicação e empenho no estudo e aprendizagem.
Ao meu ver, uma pessoa que sabe exatamente o que quer aprender e não quer dispender muito tempo para isso, pode até tirar proveito disso. Meu marido, por exemplo, queria trocar as torneiras de casa mas não tinha muito conhecimento para isso. Resolveu o problema acessando a internet e ouvindo um encanador explicar como se faz em 5 minutos, e ele conseguiu executar a façanha.
Mas isso é apenas um exemplo de utilidade de um recurso rápido e quase instantâneo de aprendizagem. Ele reteve o conhecimento visto a partir de sua prática, ou seja, dispendendo mais de 4 horas de trabalho depois de ver o vídeo do encanador. Eu me pergunto o quanto ele teria aprendido sem fazer a prática após a teoria, ou seja, apenas escutando uma explicação rápida.
Pensemos agora no caso de formação de especialistas como médicos, dentistas, advogados, professores, etc?
As argumentações para o sucesso deste tipo de proposta de aprendizagem rápida é a constatação da crescente falta de tempo para estudar e de capacidade de concentração em uma tarefa por parte das novas gerações. Ao apoiar esta proposta não estaremos reforçando comportamentos não desejáveis para futuros profissionais?
Não estou descartando a validade da micro e da nanolearning pois, como mostrei anteriormente, elas podem ser úteis no dia a dia, em tarefas simples como trocar torneiras. Mas acredito que aplicar isso na Educação, em especial na educação básica, poderá trazer mais problemas do que soluções.
Um aluno focado e disciplinado nos estudos até poderá fazer uso com sucesso, mas um aluno dispersivo e desorganizado, ou sem foco para os estudos, irá simplesmente acreditar que está aprendendo quando na verdade está sobrevoando os temas e retendo muito pouco de tudo o que é tratado.
Sabemos que isso já acontece nas escolas com o ensino tradicional. Precisamos criar novas formas de atingir os alunos de maneira mais personalizada e isso requer muito estudo por parte dos educadores, tomando sempre o cuidado de não entrar em modismos e propostas que prometem menos trabalho e maior rapidez para alcançar um sucesso. Educar envolve persistência e resiliência tanto por parte do educador como pelo lado do educando.
O que você acha disso? Qual a sua opinião?
Até o próximo tópico!