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Muitas gerações são estudadas e descritas em termos de atitudes, desejos, ambições, comportamentos e possíveis métodos de aprendizagem para que nós, educadores, possamos nos adequar melhor à cada ano letivo com o nosso público de estudantes. Agora a geração da vez é a Geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, ou próximo a isso. Essa delimitação de tempo é relativa, servindo apenas como um referencial, uma vez que existem sobreposições entre as gerações.

Segundo os estudos, esta geração tem como prioridades a saúde mental e a qualidade de vida. A parcela desta geração que já está no mercado de trabalho é constituída por jovens entre 20 e 25-26 anos, cujo comportamento frequente é o de permanecer entre 3 meses e 2 anos em um mesmo emprego, ou seja, eles ficam desde que se sintam desafiados, motivados, reconhecidos. Caso contrário, saem em busca de novos caminhos. As empresas estão enfrentando dificuldades em manter estes profissionais, e tentam propor algumas mudanças para que eles queiram permanecer e ser produtivos por mais tempo, mas essa tarefa não é nada fácil. Como exemplos de ações de empresas neste sentido, temos o dia do PET, redução da jornada de horas de trabalho, trabalho online ou híbrido, oferecimento de cursos de atualização profissional e aumento de salários de maneira direta ou indireta (vale combustível, vale refeição, seguro-saúde de melhor qualidade, GymPass, etc).

Apesar desta geração querer viver melhor e chegar a sair de empregos quando isso é ameaçado, isso não significa que aceitem ganhar pouco e ter uma vida simples, menos sofisticada. Querem bons salários também. O que esta geração provavelmente passará aos seus filhos, nossos futuros estudantes de salas de aulas, ao educá-los? Esta é uma preocupação que sinto ao ver este comportamento que sugere certo descompromisso com a necessidade de trabalhar, mesmo que não tenham motivações e reconhecimentos que, afinal, todos nós desejamos.

Os estudantes atuais presentes no ensino básico já apresentam alguns comportamentos preocupantes, os quais foram potencializados pela pandemia, como por exemplo:

  • descompromisso com a educação
  • incivilidades
  • violência
  • noções equivocadas de respeito pelo outro
  • desinteresse geral
  • imaturidade
  • pouca tolerância à frustrações
  • pouca capacidade de gerir suas emoções e identificar as emoções dos colegas


É importante citar também as características positivas desta geração, como a criatividade, a maior desenvoltura em público,  facilidade com as tecnologias digitais para sua diversão e entretenimento e a autenticidade. 

Caso os filhos da Geração Z realmente sejam “educados” para serem felizes, independente do que seja necessário na vida prática para isso, e sem saber que não existe felicidade contínua mas sim momentos de felicidade, como nós educadores poderemos ajudar a formar futuros cidadãos responsáveis e profissionais qualificados?

O Profissão Educador tem como sugestões para reflexão os seguintes pontos:

  1. Como a formação de novos educadores pode ajudar a lidar com as gerações futuras considerando esse provável futuro?
  2. Como nós educadores podemos lidar de uma maneira mais eficaz com a geração Z que ainda está em nossas salas de aula, para que eles se percebam como indivíduos que podem ser mais tolerantes à desafios e frustrações, que tenham mais empatia e respeito ao próximo, que assumam responsabilidade sobre sua própria educação e que possam ser capazes de gerir melhor suas emoções?
  3. Como a nossa profissão sobreviverá e novos educadores se formarão se, nos momentos atuais, existem muitos educadores que estão desistindo da profissão por conta de problemas de saúde física e emocional, como resultado de altos níveis de stress diários ao lidar com os comportamentos acima citados?

Estas questões são sérias demais para serem deixadas de lado. E cabe a todos, educadores, pais, estudantes, gestores e governo, atuarem no sentido de garantir a qualidade da Educação para formar pessoas que contribuam com a sustentabilidade social, econômica, ambiental e global.

Algumas sugestões para isso…

  1. Investir em autoconhecimento de educadores, gestores, estudantes, familiares e sociedade em geral. É importante conhecermos e trabalharmos nossas competências e habilidades desde a infância e ao longo de nossas vidas.
  2. Rever políticas públicas na área da Educação: valorizar de fato a Educação como a base de uma sociedade soberana e sustentável. Os governantes precisam ser mais monitorados e cobrados pela sociedade que os elege. Não devemos mais “aceitar” salários vergonhosos para educadores, salas de aulas lotadas de alunos, redução de verbas de centros de formação básica e superior, desconstrução moral e econômica de entidades de apoio a Educação e a Ciência.
  3. Acolher as famílias em sua diversidade cultural, econômica e estrutural, para que os estudantes que cheguem nas escolas tenham não apenas os educadores como referência, mas seus familiares e amigos, criando um sistema colaborativo entre escola-família empoderador. Muitos pais se sentem perdidos nestes tempos em que as mudanças são rápidas e intensas em diversos setores, incluindo identidade de gênero, racismo ou qualquer tipo de discriminação.

Você tem mais sugestões a dar? Coloque a seguir, nos comentários!

Fonte pesquisada:

Workmonitor 2022. A new era in the #homework revolution. Executive Board Randstad N.V. Disponível em: https://pt-cms1-prod.prd.randstadbluex.com/s3fs-media/pt/public/2022-04/Randstad_Workmonitor_2022.pdf

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Patrícia Narvaes

Atuou como professora e orientadora nos projetos de inclusão de tecnologias da comunicação na área da educação pela Escola do Futuro da USP. É praticante de Comunicação Não-Violenta (CNV) desde 2013, onde descobriu o poder de uma escuta profunda e como isso pode afetar a comunicação e melhorar as relações humanas, promovendo conexão e acolhimento. Em 2020, conheceu o Thinking Environment ou “Ambiente para Pensar”, abordagem criada pela Nancy Kline, que permite criar um ambiente de escuta apreciativo, levando as pessoas a removerem bloqueios e praticarem o pensamento independente.
Hoje, Patrícia é Facilitadora de Reuniões e Coach em Thinking Environment, certificada pela Time To Think, além de ser uma das organizadoras do projeto Escuta Viva, onde oferece práticas de escuta, cursos, palestras e atendimentos focados na comunicação e nas relações