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A UNESCO publicou em 2015 a proposta de uma Educação para a Cidadania Global – ECG. Essa educação incluiria a educação para a paz, para os direitos humanos, para o entendimento internacional e para o desenvolvimento sustentável. 

No relatório da UNESCO, fica muito claro que a ECG reforça a importância dos conhecimentos de cada disciplina, em uma abordagem transdisciplinar. Cada vez mais a capacidade de trabalhar colaborativamente, dialogando, negociando, se comunicando com colegas no planejamento de disciplinas precisa ser aprimorado e incentivado entre os educadores.

A abordagem transdisciplinar de conteúdos pode ser entendida aqui, segundo  DOMINGUES (UFMG)*, como sendo uma abordagem que troca o foco nas matérias e nas disciplinas pelo foco em ” …temas  e problemas, especialmente aqueles gerados fora do campo disciplinar, nas intersecções das disciplinas   e nas interfaces das diferentes áreas do conhecimento.” Para se chegar a este nível de discussão, o  planejamento de temas e conteúdos em grupo é condição essencial.  Se não existirem recursos como tempo de reuniões remuneradas e espaços colaborativos nas escolas, esta proposta fica inviável. Além dos educadores, devem estar envolvidos gestores em todos os níveis, desde o escolar até o governamental.

Não apenas os alunos, mas também nós educadores precisamos desenvolver e aprimorar continuamente, como indicado no relatório, “habilidades cognitivas para pensar de forma crítica, sistêmica e criativa, com a adoção de uma abordagem de múltiplas perspectivas sobre questões a serem discutidas, além de habilidades não cognitivas como as sociais (empatia e resolução de conflitos), e habilidades de comunicação e aptidões para networking e interação com pessoas de diferentes origens, culturas, contextos e perspectivas.”

Há muito tempo estamos acostumados a trabalhar de maneira mais isolada, seja por falta de tempo, de recursos financeiros, seja por comodismo ou falta de espaço adequado para isso, entre outros fatores.

Como proporcionar essa formação contínua e uma mudança de comportamento? Educadores que já trabalham com metodologia de projetos em seus cursos podem ter a oportunidade de atuar em parceria com outras disciplinas, quando os projetos requerem isso, mas ainda é difícil chegarem no nível transdisciplinar, uma abordagem mais aprofundada que o interdisciplinar. Por outro lado, as habilidades não cognitivas são muito vivenciadas neste tipo de metodologia ativa. A UNESCO afirma que, “Embora existam parâmetros -chave para a ECG, …não há um modelo padrão para a implementação.”

Veja outro importante trecho destacado do relatório:

“Autoridades educacionais e o nível sênior de gestão, incluindo diretores de escola, também precisam ter abertura com relação a educadores trabalhando no que pode ser um novo papel – como um capacitador ou facilitador, em vez de um executor – e na aprendizagem centrada no processo. Isso provavelmente exigirá formação adicional a fim de promover comportamentos e crenças transformadores entre os alunos, além de autoavaliações de seus pressupostos e das próprias práticas entre os educadores.”

Enfim, esse relatório é muito rico em informações e dicas! Vale a pena ler em sua íntegra e refletir sobre a nossa carreira em uma perspectiva globalizada.

Muitas outras discussões poderão surgir nesta leitura!

https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000371292
Fonte pesquisada sobre transdisciplinaridade (consultada em outubro/2022):
https://www.ufmg.br/ieat/2012/03/disciplinaridade-multi-inter-e-transdisciplinaridade-%E2%80%93-onde-estamos/
 *Ivan Domingues – Diretor do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares da UFMG (gestão 2000-2003), professor Ivan Domingues possui graduação em Filosofia pela UFMG (1975), mestrado em Filosofia pela UFMG (1980) e doutorado em Filosofia – Université de Paris I (Panthéon – Sorbonne) (1989). Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência em várias áreas da Filosofia, com ênfase em filosofia contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas ou disciplinas: teoria do conhecimento, epistemologia das ciências humanas, filosofia da técnica, ética e conhecimento, filosofia francesa e hermenêutica do texto filosófico. Tem vários livros e artigos publicados, é coordenador do Núcleo de Estudos do Pensamento Contemporâneo (NEPC/UFMG) e foi agraciado com o Prêmio FUNDEP/UFMG em 2005. É pesquisador do CNPq nível 1A.

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Patrícia Narvaes

Atuou como professora e orientadora nos projetos de inclusão de tecnologias da comunicação na área da educação pela Escola do Futuro da USP. É praticante de Comunicação Não-Violenta (CNV) desde 2013, onde descobriu o poder de uma escuta profunda e como isso pode afetar a comunicação e melhorar as relações humanas, promovendo conexão e acolhimento. Em 2020, conheceu o Thinking Environment ou “Ambiente para Pensar”, abordagem criada pela Nancy Kline, que permite criar um ambiente de escuta apreciativo, levando as pessoas a removerem bloqueios e praticarem o pensamento independente.
Hoje, Patrícia é Facilitadora de Reuniões e Coach em Thinking Environment, certificada pela Time To Think, além de ser uma das organizadoras do projeto Escuta Viva, onde oferece práticas de escuta, cursos, palestras e atendimentos focados na comunicação e nas relações