Pesquisar

Hoje é mais um Dia dos Professores, onde as pessoas, quando se lembram, nos dizem parabéns, profissão sofrida mas essencial, muito importante, e blá…blá…blá….

Mas qual é mesmo o valor real que a sociedade nos dá? O que as pessoas pensam sobre aquilo que elas nos falam? Se a profisão de educador é mesmo essencial, como ainda nos encontramos em condições tão desumanas de salários e condiçõpes de trabalho em escolas públicas pelo país? Por que os salários continuam miseráveis e os tratos com os professores cada vez mais abusivos?

Eu tenho uma resposta que acredito…..PORQUE DEIXAMOS ASSIM POR MUITOS ANOS, POR MEDO, FALTA DE UNIÃO DA CATEGORIA E NECESSIDADE.

Claro que precisamos dos empregos. Temos contas a pagar. Entretanto, nossa classe não é unida como a de médicos, advogados, juízes, entre outras profissões. Cansei de presenciar colegas reclamarem das condições de trabalho e serem calados por outros colegas, ou ficarem isolados porque ninguém se dispôs em apoiar claramente o que era dito.

Tenho para mim que a Educação não é valorizada de fato nem mesmo pela nossa classe. Aceitar relações abusivas no trabalho é permitir que a profissão seja desvalorizada, afinal sempre existirá alguém que poderá substituir aqueles que reclamarem por boas condições de trabalho, salários mais justos, menos alunos em salas de aulas, menos burocracias fora da sala de aula, mais apoio para lidar com a diversidade de alunos que chegam até nós todos os anos, condições de tempo e dinheiro para atualizações contínuas em conhecimentos, habilidades e competências, e a lista de necessidades não termina aqui.

De acordo com dados recentes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), um número expressivo de professores tem considerado abandonar a profissão devido a fatores como desvalorização salarial, sobrecarga de trabalho e falta de reconhecimento profissional. Aproximadamente 60% dos docentes afirmam estar buscando alternativas de trabalho fora da sala de aula, o que representa uma ameaça para a qualidade da educação no país​

O que fazer?

Você pode estar se perguntando o que eu proponho para reverter essa situação além de ficar apenas apontando os problemas já conhecidos. A seguir, algumas ações possíveis e não prováveis de serem colocadas em prática pelas razões que coloquei anteriormente, mas que não me canso de repetir aqui no Blog, e no instagram Profissão Educador:

  1. Diálogo aberto e honesto com a gestão: utilizando os princípios da CNV, os educadores podem e devem expressar suas necessidades e frustrações de forma clara e sem agressividade. Ao identificar sentimentos e necessidades específicas (ex. falta de reconhecimento, condições de trabalho inadequadas), éabre-se a real possibilidade de propor soluções de maneira mais colaborativa, abrindo espaço para uma negociação mais justa e respeitosa.
  2. Formação de redes de apoio entre professores: criar grupos de discussão ou encontros regulares entre educadores para compartilhar experiências e discutir problemas comuns. Fortalecer o apoio mútuo é essencial para combater o isolamento e a falta de união mencionada no texto. Esse tipo de ação também pode aumentar a sensação de pertencimento e motivar os professores a se engajarem mais em suas demandas.
  3. Mobilização coletiva para mudanças estruturais: a união da classe é fundamental. Planejar ações coordenadas, como campanhas de valorização do trabalho docente, petições ou manifestações pacíficas, pode gerar visibilidade para os problemas enfrentados.
  4. Desenvolvimento de habilidades de autocuidado e gestão de estresse: participar de treinamentos e recursos para aprender a gerenciar o estresse e a exaustão emocional pode reduzir o impacto das condições adversas no ambiente escolar. A motivação intrínseca pode ser reforçada ao lembrar-se do impacto positivo que o trabalho tem sobre os alunos, fortalecendo o propósito de educar.
  5. Ações de valorização interna da profissão: para fortalecer a autoimagem da classe docente, é possível promover eventos de valorização interna, como premiações entre colegas, reconhecimento público dentro das escolas, e celebração de boas práticas pedagógicas. Isso pode ajudar a cultivar um ambiente onde os educadores se sintam reconhecidos e mais valorizados.
  6. Participação ativa em políticas educacionais: os educadores precisam engajar em conselhos de classe, sindicatos e fóruns educacionais para fortalecer a voz coletiva e garantir que as demandas sejam levadas a sério nas esferas de decisão. Esse tipo de ação estratégica pode reduzir o sentimento de impotência e aumentar a eficácia das reivindicações.

Essas ações visam promover mudanças tanto no ambiente de trabalho quanto na percepção da profissão, além de facilitar a comunicação e aumentar a motivação parao real engajamento em uma luta contínua e pacífica por melhores condições.

Profissão Educador; para quem ama ensinar e aprender sempre!

O site oficial da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) é www.cnte.org.br. Nele, você pode encontrar informações sobre pesquisas, atividades sindicais e outras questões relacionadas à valorização dos educadores no Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja também

Image hover effect image

Patrícia Narvaes

Atuou como professora e orientadora nos projetos de inclusão de tecnologias da comunicação na área da educação pela Escola do Futuro da USP. É praticante de Comunicação Não-Violenta (CNV) desde 2013, onde descobriu o poder de uma escuta profunda e como isso pode afetar a comunicação e melhorar as relações humanas, promovendo conexão e acolhimento. Em 2020, conheceu o Thinking Environment ou “Ambiente para Pensar”, abordagem criada pela Nancy Kline, que permite criar um ambiente de escuta apreciativo, levando as pessoas a removerem bloqueios e praticarem o pensamento independente.
Hoje, Patrícia é Facilitadora de Reuniões e Coach em Thinking Environment, certificada pela Time To Think, além de ser uma das organizadoras do projeto Escuta Viva, onde oferece práticas de escuta, cursos, palestras e atendimentos focados na comunicação e nas relações